terça-feira, 28 de junho de 2011

As plantas sem Otto

Faleceu esta semana o químico brasileiro Otto Richard Gottieb. Pelo seu trabalho com produtos naturais e plantas, o cientista chegou bem perto de ganhar o Nobel.
Otto Richard Gottlieb
Gottlieb foi indicado três vezes ao Nobel de Química. (foto: Projeto Memória/ ABC)
É uma semana de luto para a comunidade científica brasileira. O químico naturalizado brasileiro Otto Richard Gottieb morreu na madrugada do dia 20, no Rio de Janeiro, aos 90 anos.
Gottlieb publicou cerca de 700 trabalhos científicos, além de quase uma dezena de livros. O cientista ficou conhecido, primeiro no Brasil, depois no mundo todo, pelo seu pioneiro trabalho com produtos naturais, plantas e seus metabolismos.
O trabalho do pesquisador no campo da fitoquímica – no qual se estudam as moléculas que fazem parte do metabolismo das plantas – lhe rendeu três indicações ao prêmio Nobel, dado que o torna o brasileiro mais próximo de conquistar a láurea nominalmente – em 2007, o ex-vice-presidente dos EUA Al Gore e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que inclui membros brasileiros, foram vencedores do Prêmio Nobel da Paz.
Em nossos arquivos, há uma rica entrevista concedida pelo químico, em 1988, à jornalista Vera Rita da Costa. Na conversa, ao narrar os seus primeiros anos como químico profissional, Gottlieb brinca dizendo que sua colega, a bioquímica Perola Zaltzman, foi a cientista brasileira que mais próxima chegou do Nobel, ao casar com o vencedor do Nobel Medicina Marshall Nirenberg.
"Resolvi [...] me aproximar da Associação Brasileira de Química, onde se reuniam periodicamente os químicos do Rio de Janeiro. Lá conheci a [química] Perola Zaltzman, assistente de Walter Mors. Foi ela quem me falou da possibilidade de conseguir uma bolsa no CNPq para o Instituto de Química Agrícola (IQA), influindo decisivamente em minha vida com esse palpite. Aliás, a Perola foi em seguida fazer um estágio no National Institutes of Health (NIH), em Bethesda, nos Estados Unidos, e lá ficou, casando com Marshall Nirenberg, posteriormente agraciado com o prêmio Nobel pelo desvendamento do código genético. Pérola se tornou assim o brasileiro que mais perto chegou de um prêmio Nobel."
Mas, na verdade, não foi Perola. As indicações ao Nobel para Gottlieb vieram mais tarde, em 1998, 1999 e 2000. Em todos os textos sobre o seu falecimento esta semana, lê-se: "o brasileiro mais próximo de ganhar um Nobel", fato que torna a piada carinhosa com Perola uma ironia engraçada do destino.
De forma apressada, porém precisa, um dos responsáveis pela indicação de Gottlieb ao Nobel, o químico Roald Hoffmann (ele mesmo vencedor do prêmio em 1981), definiu, em breve mensagem por e-mail à CH On-line, o que pensa do cientista brasileiro:
"Otto foi um grande cientista e responsável pela formação da química de produtos naturais no Brasil. Sua influência sobre a ciência brasileira de maneira geral é grande."

fonte: Ciência Hoje

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